NO ÁTRIO
Paulo Cesar Cavazin
I
Pelo guardião do templo retirado,
o alcoólatra, mendigo (um Malazarte!),
com insistência protestava irado
contra os algozes, não lhes dando aparte:
— Deixar-me!... Como podeis, assim de lado?!...
Jogais um velho artista qual descarte?!...
Por Deus!... Meu talento é consagrado!...
E a vossa religião vem da minha Arte!...
Dos templos excluí a Arquitetura!...
De altares, a Escultura!... E a Indumentária...
A Música... A Oratória... A Pintura...
Tirai dos rituais, o Teatro que há!...
Da Palavra, a essência literária!...
Da Religião, então, o que restará?!...
II
— Sim! É verdade! Da arte vive a crença!...
(o sacerdote ao poeta respondia)
Mas, ao contrário, sem artista é imensa
a graça que ainda resta! Que alegria!...
O Céu mantêm misericórdia intensa,
superior a tua humana alegoria!...
Traz Vida Inefável!... Recompensa
quem do orgulho e do vício se esvazia!...
Portanto, grande é Deus, e não o artista!...
A humana obra, exposta ao fracasso,
quer elogios, glórias e conquista!...
Retira a Arte que este templo ostente!...
Verás, então, que, além do tempo e espaço,
o Espírito de Deus ainda é presente!...
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