por Roberto Bonomi
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Bob ou Bobinho como era mais conhecido, um dia percebeu uma coisa muito engraçada. Notou que o homem era um “bicho” muito estranho e pensava muito em si mesmo. O ego. Ficou na dúvida se isto fazia parte da essência deste ser ou se era defeito da minoria. Sabia que a maioria das pessoas no mundo eram pobres e passavam por dificuldades. Será então que Papai do Céu fez o mundo errado. Ou será que ele deixou esta armadilha para pegar alguns tontos metidos a espertalhões. A realidade esta ai e mesmo assim é difícil de enxergar. O céu azul grátis, o oxigênio que dinheiro nenhum compra, a água potável que nenhuma industria milionária pode fazer, o amor tão distante destes lares soberbos. Bobinho sempre desconfiou que as melhores coisas da vida Papai do Céu deixou para o pobre (note que pobre de dinheiro). Bobinho começou a perceber que isto era verdade. Haviam pessoas abastadas que eram boas e tinham bom senso, em outras épocas é claro, pois hoje tudo estava corrompido. É claro que um ou outro ainda se salvava. Via os homens ricos, gananciosos lutando por um centavo, medíocres como a fome e eram responsáveis pela própria, pois tinham que ter muito, muito mais que os outros. Estes já não tinham noção da realidade e eram escravos de sua escolha. Não podiam fazer o bem e não podiam colaborar com nada, pois nunca tinham aprendido isso. Quem será que estava os guiando? Bobinho não quis nem pensar. Tiravam vantagem dos mais humildes que usavam de degrau para sua vertiginosa riqueza, sem valores e sem pudor. Achavam-se o máximo andando com seu carrão último modelo pelas ruas, mas o resto do corpo já não funcionava assim tão bem. Não tinham escrúpulos e vis eram seus objetivos. No entanto no bairro pobre as pessoas eram amigas e solidárias, ainda existia uma certa cordialidade, um certo prazer entre as relações dos vizinhos. Todos se divertiam com coisas tão simples, com uma conversa sobre futebol uma fofoca aqui outra ali... Bobinho percebeu que a verdadeira riqueza não estava ali, tão simples ao alcance de cifras. Via o churrasquinho simples da periferia com todos se divertindo muito e dando risadas sinceras. Quando ia à casa de seus amigos com grana sentia a inveja no ar. A disputa pelo melhor tênis, pelo melhor carro. A arrogância de uma para o outro e a polidez da cobra que chega mansa para depois dar o bote. Não era uma ambiente de amizade, e sim de competição por um valor e os valores reais já haviam a muito se esvaído pelo ralo. Bobinho ficou muito feliz de ter aprendido esta lição ainda pequeno. Seu Papai e sua Mamãe lhe ensinaram a ser um bom homem, e acima de tudo respeitar a todos, a respeitar a vida. Não podemos viver sem as pessoas, os amigos. Um homem com amigos era um homem rico e um homem com muito dinheiro era um pobre homem, na maioria das vezes. Via que o humilde sabia dividir o pouco que tinha, pois isso lhe dava prazer, enquanto que o rico era dependente de ser egoísta para triunfar naquela escolha tão fora de uma realidade gostosa de se viver. Pobres homens. Bobinho, com uma lagrima no olho, olhou para o céu e não conseguiu entender porque era privilegiado de pensar assim, de entender a real mensagem da vida, apesar apenas de ser uma criança. Abençoou mais uma vez seus Pais, e agradeceu a Papai do Céu pelo poder de ter uma vida tão boa!
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